Os interloctores: Deleuze, Clement Rosset, Beethoven e Schiller
Post para ler-ver escutando a Nona.
"Consegui! Consegui! Enfim encontrei a Alegria!"
Assim jubiloso, Beethoven acolheu em seus aposentos o seu secretário, um fa
tutto chamado Schindler. Imediatamente sentou-se ao piano e dedilhou-lhe a
façanha. Encontrara afinal a solução, busca há anos, que lhe permitira musicar
os difíceis versos da An die Freude (Ode à Alegria) de Schiller. Depois de 32
anos de hesitações, de idas e vindas, de prostrações, deu então por acabada a
Nona Sinfonia. Quando jovem ainda em Bonn, Ludwig van Beethoven comoveu-se com
o conteúdo do poema ao lê-lo em 1792, impressionando-se para sempre com a
maravilhosa exaltação à fraternidade humana dos versos de Schiller.
Ode à Alegria de Friedrich Von Schiller,
tradução do original, tal como se canta na Nona Sinfonia de Ludwig Van
Beethoven.
(Barítono)
Oh amigos, mudemos de tom!
Entoemos algo mais prazeroso
E mais alegre!
"A alegria não trabalha com o sujeito. O sujeito, na alegria, são
os blocos de afetividade, são coletividades, sujeito-multidão,
sujeito-matilha" (Daniel Lins).
(Tenor solo e coro)
Alegremente, como
seus sóis corram
Através do esplêndido espaço celeste
Se expressem, irmãos, em seus caminhos,
Alegremente como o herói diante da vitória.
"A alegria não precisa da razão. Sem razão, o que sobra? Sobra tudo, diz Clement Rosset. Sobra a arte. E o que é a arte? A invenção constante da vida. E como que se inventa a vida? Sendo simples. E como se é simples? Saindo da reflexão. E como é que se sai da reflexão? Pensando!" (Daniel Lins)
(Coro)
Abracem-se milhões!
Enviem este beijo para todo o mundo!
Irmãos, além do céu estrelado
Mora um Pai Amado.
Milhões se deprimem diante Dele?
Mundo, você percebe seu Criador?
Procure-o mais acima do céu estrelado!
Sobre as estrelas onde Ele mora.
Pensando?
"Pensamento como máquina desejante e ao mesmo tempo como relação de ética e estética dos afetos. O que nos dá uma responsabilidade imensa diante desse sujeito-matilha" (Daniel Lins).
"A alegria é uma construção social, uma construção desejante" (Daniel Lins).
"Mergulhar na alegria não é sem consequência" (Daniel Lins).
"A alegria se transforma em uma ética-estética dos afetos" (Daniel Lins).
"Para ser alegre, eu tenho de me perder, sem garantias de me encontrar" (Daniel Lins).
"E o encontro é a experiência" (Daniel Lins).
A íntegra da conversa de Daniel Lins: A alegria como força revolucionária, ética e estética dos afetos.